Arteterapia como método terapêutico para idosos




De séculos atrás até hoje a arte é utilizada para expressar situações vivenciadas pelo ser humano, independentemente do seu grau de desenvolvimento cultural e intelectual. Alguns filósofos referem-se a arte como necessária ao homem, como uma forma de equilíbrio e de integração com o seu meio ambiente. A linguagem utilizada pela imagem requer um empenho de reconhecimento de cores, movimentos, formas e sensações visuais.

Esse tipo de comunicação ultrapassa os objetivos da estética, juízo crítico e avaliação artística, podendo assumir função terapêutica, ampliando suas oportunidades e permitindo que outros profissionais explorem seus recursos e a utilizem com fins não-estéticos.

A adoção da arte como terapia possibilita ao cliente identificar nas suas representações artísticas, seus sentimentos, pensamentos e sensações em diversas épocas ou situações de vida. No século XIX, as expressões artísticas já eram utilizadas em hospitais como atividades terapêuticas e no diagnóstico de alguns quadros clínicos patológicos.

A representação plástica funciona como excelente meio de comunicação entre o terapeuta e o cliente. Alguns pacientes se recusam a expressar seus sonhos e fantasias, alegando que não possuem habilidades artísticas, mas é função do terapeuta desvincular essa ideia, explicando a importância da prática de expressão e sua eficácia no processo terapêutico. Como instrumento de desenvolvimento cognitivo, a arte representa interação do organismo em amadurecimento com o meio ambiente, adaptando-se e interagindo com o local em que vive.

A cognição é composta pela presença de fatores como, autonomia, juízo crítico, independência, memória, pensamento, sentimento, que traduzem a capacidade do indivíduo de usufruir de condições biopsicossociais adequadas as suas necessidades. 

A arte-terapia oferece oportunidade de exploração de problemas e de potencialidades pessoais por meio da expressão verbal e não-verbal e do desenvolvimento de recursos físicos, cognitivos e emocionais , bem como a aprendizagem de habilidades, mediante experiências terapêuticas variadas.

É possível identificar preocupações, anseios e interesses do paciente, além de desenvolver habilidades e personalidade, é utilizada como meio reconciliador de conflitos emocionais, e de facilitar a autopercepção e o desenvolvimento pessoal, pontos extremamente relevantes para a vida do idoso.

A utilização desse tipo de terapia expressiva em idosos sadios ou portadores de demências é uma proposta que objetiva a manutenção da integridade cognitiva, emocional e social para indivíduos nessa fase da vida. 

É crucial ressaltar que esse segmento terapêutico visa por meio das técnicas de terapia expressiva promover o bem estar do idoso, manter sua funcionalidade, retardar o avanço da demência, melhorar as condições de interação com os familiares e simultaneamente investir do bem estar da família.


No idoso portador de demência, alguns dos principais pontos da doença a serem trabalhados na arte-terapia são:

· Manifestações de depressão e ansiedade;
·  Inadequações de comportamento social;
·  Sexualidade;
· Relações interpessoais;
· Déficits de memória;
· Desenvolvimento e manutenção da linguagem;
· Percepção de tempo e espaço;
· Funcionalidade nas atividades de vida diária;
· Retardamento do curso das afasias, agnosias e apraxia;

Esse recurso deve ser explorado e utilizado da forma mais adequada e satisfatória possível para o idoso dentro do quadro que esse apresenta. É importante que o terapeuta considere as expectativas da família e as limitações do cliente para que haja harmonia durante qualquer tipo de intervenção.