Envelhecer superando a visão negativa


       Durante muito tempo, simplesmente presumiu-se que, ao envelhecermos, e a medida que o corpo começasse ficar mais lento, nossas emoções de modo geral, seguiriam o mesmo rumo, e tudo se tornaria mais atenuado com o decorrer dos anos. Em um dado nível essa visão prevaleceu entre os cientistas porque mostrava-se totalmente sensata.

      Entretanto, assim como muitas especulações levantadas sobre o envelhecimento do cérebro, também isso estava errado. Quando os estudos sobre envelhecimento ganharam força, constatou-se totalmente o inverso. Os pesquisadores descobriram que a partir da meia idade nós passamos a ter uma visão mais tranquila do mundo e a medida que o tempo passa, nossas emoções não só se mantém predominantemente intactas, como são consideradas mais resistentes do que algumas aptidões de outras áreas.

         Um bom exemplo é que durante o processo de envelhecimento nos tornamos mais maduros e seguros para discutir sobre nossos sentimentos e de como eles são afetados durante nosso cotidiano. Uma pesquisa realizada pela universidade da Califórnia com pessoas de meia idade, por volta dos 41 anos, as pessoas recordavam mais imagens positivas (bebê sorrindo) do que negativas (desastres naturais). As pesquisadoras chegaram a conclusão que esse comportamento permanece  por vários anos. Também foram utilizadas amostras compostas por indivíduos octogenários, e em todos os testes os resultados eram idênticos.

        Na memória e atenção, há uma clara preferência pelo positivo em relação ao negativo. Alguns estudos menores já indicavam, que conforme envelhecemos, recordamos e relatamos mais aspectos positivos da vida cotidiana. Na velhice, relatamos um número menor de maus momentos dos nossos dias. Somos muito menos propensos a rotular um dia inteiro como ruim, apenas por incidente infeliz.
        Se questionarmos um idoso sobre como foi o seu dia, é bem provável que ele diga,"Ah, foi bom"; E se você perguntar se lhe aconteceu algo ruim, é bem provável que ele responda, "Não". Já com os mais jovens,  é possível observar o contrário. Eles tendem a dizer, "Ah tive um dia péssimo, tive uma briga com meus pais".

        Não é que os mais jovens não vejam o lado positivo dos acontecimentos, é que, com eles, a reação negativa está mais alerta. Com o passar do tempo nós não ficamos cansados das coisas ruins e simplesmente as isolamos. A responsável por este comportamento chama-se amígdala. Nós temos uma em cada hemisfério do cérebro, elas tem esse nome decorrente da sua forma e tamanho.

        Então, como funciona a nossa amígdala durante o processo do envelhecimento? Cientistas do Instituto de Tecnológico de Massachusetts (MIT) descobriram que com o passar dos anos, de maneira linear, nossas  amígdalas reagem menos a eventos negativos. Alguns experimentos expondo imagens negativas e positivas foram realizados com idosos, afim de confirmar tais resultados, porém o lado positivo predominou. O estudo constatou que nosso cérebro, de forma automática e pré-consciente passa a acentuar as impressões positivas e eliminar as negativas.