Quando chegamos à velhice, por ser considerada a última etapa de nossas vidas, de certa forma somos induzidos à reflexão sobre alguns temas que envolvem existência, morte e missão. A religiosidade e espiritualidade nesses casos nos fornece amparo como saída para encontrar as respostas dessas indagações. Ao chegar nessa etapa, algumas pessoas acham necessário fazer um balanço geral da vida, os resultados acabam por indicar um vácuo existencial e a religião e espiritualidade tornam-se mais presentes na vida dessas pessoas com a função de amparo nessa situação.
De maneira bem sucinta devemos deixar
claro que religiosidade é quando um indivíduo segue, acredita e pratica uma
religião e espiritualidade. Ela está ligada a um tipo de experiência que se expressa
pela consciência de que existe uma dimensão transcendente caracterizada por
certos valores em relação aos outros, a natureza, vida, a nós mesmos e qualquer
outro aspecto reconhecido como ser supremo.
A presença da espiritualidade em
nossas vidas pode estar relacionada com explicações fornecidas para esclarecer
pontos cruciais sobre os fins últimos da existência, passado, presente, busca
de significado, autotranscendência e heroísmo diante do sofrimento. A
espiritualidade não necessariamente precisa ter ligação com a prática religiosa
ou crença.
Atualmente a Organização Mundial de Saúde (OMS) entende que a espiritualidade contribui imensamente para o aumento da qualidade de vida e foi incluída nos âmbitos de domínios que devem ser considerados nas avaliações e na promoção a saúde em todas as idades.
Atualmente a Organização Mundial de Saúde (OMS) entende que a espiritualidade contribui imensamente para o aumento da qualidade de vida e foi incluída nos âmbitos de domínios que devem ser considerados nas avaliações e na promoção a saúde em todas as idades.
Idosos e adultos que percebem a vida
com algum significado religioso são mais aceitadores e tolerantes do que os que não
enxergam dessa maneira. Têm menor predisposição ao sentimento de vazio
existencial e são mais realistas na perseguição de metas. Com isso, ficam menos
expostos a insatisfação e frustração. É frequente ainda a percepção de bem
estar subjetivo em idosos que tem a religiosidade e espiritualidade presentes
em seu cotidiano, muitos se sentem bem e satisfeitos, independente das
circunstâncias negativas a velhice.
Existem duas teorias sobre o aumento
na religiosidade na velhice. A primeira é que, por temerem a morte, os idosos
passam a acreditar mais em Deus e a rezar mais. A religiosidade pode se dar
ainda como um fenômeno cultural, que se apresenta de diferentes formas em
diferentes sociedades. Assim os idosos atuais são mais religiosos do que os
jovens, porque se desenvolveram num contexto em que a
religião era mais presente nas famílias do que atualmente. A segunda considera que a proximidade da morte faz
com que os idosos encaminhem buscas por temas existenciais e que o façam por
meio da crença ao sagrado.
Os indivíduos mais longevos acabam por
desenvolver algo que chamamos de gerotranscendência, reforçando o senso de
integridade do ego e sabedoria. A morte pode ser entendida como um evento sintônico a
vida e desfecho natural de todos os seres humanos, envolvendo diversos
aspectos relacionados à compreensão do mundo de ampliação do self e envolvimento vital em busca da paz
de espírito. Estes idosos dificilmente negam a velhice e quando se mantém produtivo perante a
sociedade, alcançam tal nível de maturidade, que reconhecem seus próprios
limites, não em busca de estar à altura das expectativas dos outros, mas se engajam na
busca da perfeição pessoal que lhe parecem significativa.